Descrição: Investigação sobre associações de juristas religiosas.

Desde meados dos anos 1990 experimenta-se no Brasil um sentimento público de “invasão”. O crescimento de evangélicos no país, causa fundamental deste sentimento, pode ser revelador da sólida base cultural católica e de estigmas variados. Inúmeras análises propõem a compreensão deste recente fenômeno contribuindo em diferentes direções: por um lado, abordagens que afirmam a separação das esferas religiosa e política estabelecendo marcadores da laicidade que deveriam ser recuperados ou erigidos como meio de fortalecer a democracia no país. Por outro, refletindo sobre a base católica que sustentaria a formação das prerrogativas da laicidade no Brasil e, ainda, reflexões sobre o caráter positivo das religiões para a formação de práticas democráticas e cidadãs em nosso país. Desde 2007, com o apoio de variadas agências de fomento, acompanhamos estratégias políticas de grupos católicos, evangélicos e afro-brasileiros no Congresso Nacional. Algumas publicações são resultado deste esforço de compreender as interfaces entre atores sociais que mobilizam identidades e repertórios de esferas (supostamente) distintas tais como política e religião em suas ações públicas.

Objetivos: Acompanhar o crescente número de associações de juristas religiosas, em especial, a ANAMEL a ANAJURE (evangélicas) a AJE (kardecista). Nossa atenção recai sobre justificações públicas para suas ações, a produção de narrativas, sobre a atuação de seus membros no Congresso Nacional e de projetos que tencionam perspectivas correntes de laicidade, de direitos humanos e liberdades civis. A metodologia de pesquisa é qualitativa com observação de documentação oficial das associações e etnografia de eventos por elas promovidos. Como produtos, pretendemos elaborar artigos e eventos, fomentar redes e divulgar os resultados da pesquisa na mídia e em organizações da sociedade civil interessadas no tema.