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Conselheiros do ISER analisam os desafios para a organização

O ISER tem um novo conselho deliberativo, formado por representantes de diferentes áreas do conhecimento e de atuação. Além de fortalecer a estrutura de governança, o conselho também é um meio para trazer olhares externos capazes de enriquecer ainda mais o trabalho e reflexões da organização.

Perguntamos quais desafios eles acreditam que se impõem para o trabalho atual do ISER e como esperam contribuir com nossos objetivos nas áreas de produção de conhecimento e incidência. Confira:

“Nós do Movimento de Mulheres Negras, em nossa diversidade política, entendemos que ‘enquanto houver racismo não haverá democracia’ e, por isso mesmo, é tão importante que organizações com capilaridade nacional, consolidadas na vida pública brasileira como o ISER possam se colocar ao lado das lutas por democracia popular, para conter os horrores das ações das polícias, do uso equivocado da religiosidade e da fé, assim como para conter os ataques às políticas sociais, tão importantes no fortalecimento das mulheres negras e das populações empobrecidas de nosso país”.

Vilma Reis
Socióloga, membra do Movimento de Mulheres Negras e do coletivo Luiza Mahia

“Provavelmente, um dos desafios que se impõe agora, mais do que em qualquer outro momento nosso, é o fundamentalismo teopolítico que se fortaleceu no Brasil. Como essa ideologia antidemocrática se instalou no governo, o meio século de experiência do ISER será fundamental para nos ajudar nessa luta. Espero colaborar com o ISER a partir de um mapeamento e monitoramento das movimentações articuladas entre o conservadorismo e a extrema-direita do Brasil e Estados Unidos, e como isso afeta nossas vidas enquanto sociedade que deve buscar e afirmar a diversidade, a igualdade, a liberdade e o bem comum”.

Ronilso Pacheco
Teólogo, pastor auxiliar na Comunidade Batista em São Gonçalo (RJ), ativista, escritor e pesquisador

“Acredito que um desafio adicional diz respeito à construção de novas formas de diálogo com diferentes campos e atores sociais, próximos ou distantes. Num contexto em que a comunicação parece cada vez mais monológica, a busca por interlocuções capazes de gerar novos significados é também bastante desafiadora, na medida em que o diálogo, em seu sentido mais denso, produz transformações em todos os envolvidos. Como pesquisadora, mediadora de conflitos e estudiosa das terapias de família, penso que uma atenção às nossas formas de escutar pode ajudar a ampliar o repertório das perguntas que alimentam nossas compreensões, assim como a aguçar a percepção do que estamos ouvindo ou deixando de ouvir, em função dos objetivos que nos movem”.

Barbara Musumeci Mourão
Mediadora de conflitos e autora de livros sobre violência, segurança pública e gênero

“O ISER já mostrou sua resiliência e relevância para qualificar os debates sobre os temas que trabalha nesses 51 anos. Agora o ISER precisa ampliar ainda mais o alcance de seu excelente trabalho. E tornar todo o conhecimento que gera e capacidade de articulação para ajudar a sociedade brasileira a estar mais preparada na defesa desses valores democráticos que infelizmente estão tão em xeque no Brasil. Espero trazer mais perspectivas globais sobre o campo climático e democrático, provocar reflexões construtivas e ajudar a estabelecer possíveis parcerias do ISER com organizações no campo socioambiental”.

Alice Amorim
Chancellor Humboldt Fellow, pesquisa política climática no Parlamento Alemão

“ISER, com a renovação de sua assembleia geral e conselho deliberativo, consegue combinar suas memórias e os desafios mais atuais. Neste momento, o tema da religião ganha destaque e, como nos princípios nos anos 70, assume maior centralidade. Neste momento, as áreas de meio ambiente, direitos e violência dialogam fortemente com a agenda de comunidades de fé. Eu diria que o debate climático, a relação com a floresta amazônica e a agenda política são temáticas com forte apelo interno no ISER. Essa agenda vem muito bem acompanhada pelas incidências e pesquisas na temática prisional, na relação com familiares e vítimas da violência, no debate de segurança e direitos, na agenda antirracista, feminista e em defesa da diversidade”.

Pedro Strozenberg
Ouvidor-geral da reparação da barragem de Fundão em Mariana (MG), foi secretário-executivo do ISER de 2016 a 2019