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Dia de Iemanjá: em artigo, Mãe Liliana d’Oxum fala sobre a importância da orixá para as religiões e o meio ambiente

No dia 2 de fevereiro, comemora-se no Brasil o Dia de Iemanjá, um dos orixás mais conhecidos e celebrados no país. Neste 2021, as grandes celebrações públicas em torno da divindade foram prejudicadas pela pandemia de Covid-19, entretanto, mantidas pelos devotos, cada um da sua forma.

Em artigo, Mãe Liliana d’Oxum, Iyalorixá e Iyanifá, sacerdotisa de umbanda e dirigente espiritual da Comunidade da Pedra Branca, em São Paulo (SP), fala sobre a simbologia de Iemanjá para diferentes religiões, para os devotos e a para a preservação do meio ambiente. Confira:

Iemanjá, a grande mãe de todos nós

A Rainha do Mar, como é referida no Brasil, na África ela é ligada ao domínio dos rios, recebe no dia 2 de fevereiro a celebração da fé de das Tradições Religiosas Afro Brasileiras e de muitos adeptos.

Iemanjá é o Orixá mais popular das festas religiosas públicas brasileiras e tem presença forte na cultura da sociedade civil como um todo. Não importa qual seja a religião, a devoção de quem mora perto do mar ou longe dele, leva a celebrar a Mãe encantadora, divindade que representa o útero universal, a fertilidade feminina, que protege mares, os pescadores, os profissionais do mar e a continuidade da vida.

Também chamada de Ìyá Orí (mãe da cabeça), mãe de todas as cabeças, aquela que gera, que dá o sentido da vida e nos permite viver como seres pensantes e inteligentes, por isso sua importância na continuidade dos seres humanos e de todos os seres por preservação.

Essa força da Natureza que rege em nós, também rege nossos lares, nossas comunidades, pois dá o sentido de família a um grupo de pessoas que convivem. Ela é a base de educação que damos aos nossos filhos, a que recebemos de nossos pais, que aprenderam com nossos avós. É a preservação da sabedoria ancestral e a perpetuação do amor ancestral.

Iemanjá é a preocupação e o desejo de ver tudo aquilo que amamos a salvo. Essa grandeza é representada pelos rios, mares e oceanos. É a protetora da vida aquática, da orla marítima, das praias, das marés, da pesca, dos pescadores, da boa pesca nos mares, provedora dos alimentos que vêm do mar e dos que vão em forma de oferenda.

A água, elemento tão sagrado para nós, como a do mar, propicia vida e podemos contribuir com ofertas de frutas e grãos que alimentem a diversidade marinha. Esses, por sua vez, na cadeia ecológica, vão alimentar a outros seres.

Hoje precisamos pensar nas oferendas com a fé que nos legaram os Ancestrais, mas de forma equilibrada diante da cultura consumista que contradiz o que Iemanjá representa. Antes de ofertar presentes, precisamos ofertar nosso carinho e atenção harmônica com a natureza e ecossistemas marinhos.

Vamos louvar e celebrar a presença de Iemanjá sem agressões ambientais, sem jogar plásticos, vidros e produtos que não são biodegradáveis no mar, pois eles demoram centenas de anos para serem transformados ou absorvidos e, até que isso aconteça, serão uma arma poderosa para exterminar os seres marinhos, as aves e animais que se alimentam nos nichos ecológicos.

A oferenda religiosa, a demonstração da devoção, não é avaliada pela beleza exterior, nem pelo valor do custo material, mas sim pela troca energética, pelos fundamentos e observação do retorno.  É para pedir e para agradecer com louvor e alegria. Se há coerência e harmonia, aí reside o Axé!

Temos o direito de exercer nossa religiosidade e temos o dever de fazer como exemplo de solidariedade com o espaço que ocupamos. Os mares, rios, oceanos e as praias que pertencem a todos, inclusive as comunidades não religiosas. É imprescindível e urgente manter um comportamento religioso sensato e comprometido com o meio ambiente.

Louvamos a Grande Mãe Iemanjá demonstrando a sabedoria que ela nos proporciona: com todo o respeito e devoção somados ao exemplo de civilidade e consideração com nosso planeta.

Ìyá orí a pé re! (Mãe das cabeças, nós pedimos boa sorte!)
Odò Ìyá!
Axé! Axé! Axé!