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Dia do Meio Ambiente – Comemorar o que?

Maria Rita Villela

é antropóloga, pesquisadora do Programa de Meio Ambiente e Desenvolvimento do ISER.

A notícia da aprovação da MP que transfere áreas da Amazônia a entidades privadas foi uma notícia não grata um dia antes do Dia do Meio Ambiente. Essa medida, se aprovada, transferirá terras públicas nesta região a posseiros, grileiros, ou quem quer que queira ocupar a área.

Infelizmente o Dia do Meio Ambiente não poderá ser muito comemorado aqui nos trópicos; o Brasil parece estar indo na contra-mão do mundo no que diz respeito às questões ambientais. Recentemente o Governo Federal lançou o Plano Decenal de Energia 2008-2017 que prevê nada mais nada menos que a instalação de mais de 60 usinas termoelétricas no solo brasileiro. Enquanto parte do mundo se esforça para se descarbonizar, o Brasil parece querer emitir cada vez mais e mais. Parece que alguns brasileiros não estão satisfeitos de ocuparem somente o 4º lugar dentre os emissores de gases de efeito estufa no mundo – querem o pódio!

Como no nível nacional a coisa está feia, temos que contar com que as organizações da sociedade civil façam seu papel. No que tange a mobilização da sociedade civil em relação ao aquecimento global, aqui no Iser temos novidades.

O programa de meio ambiente e desenvolvimento ajudará a produzir conteúdo e fazer a articulação política da Campanha Global para Ação Climática (Global Campaign for Climate Action). Essa campanha tem por objetivo mobilizar, difundir e integrar organizações da sociedade civil em torno da temática do aquecimento global.

Esta semana houve um primeiro encontro promovido pelo Vitae Civilis e a FBOMS (Fórum Brasileiro de Organizações e Movimentos Sociais) com apoio da Embaixada da Suíça, em Brasília, reunindo diversas organizações da sociedade civil brasileiras, onde foram discutidos os caminhos e os papeis da versão brasileira desta campanha. O resultado do encontro foi bastante animador.

Formaram-se três diferentes grupos de trabalho responsáveis pelos temas conteúdo e articulação política, comunicação e mobilização. Em setembro teremos uma grande mobilização para chamar atenção à causa do aquecimento global e sua urgência e esperamos com isso pressionar nossos representantes até dezembro em Coppenhagen, onde será o baile de debutantes da Conferência das Partes (CoP-15) que discutem o aquecimento global.

Oxalá que eles sejam sábios e ouçam nosso apelo!