Saúde integral, educação e inclusão, gênero e equidade, anticorrupção, meio ambiente e energia são alguns dos eixos temáticos que mobilizam diversas entidades da sociedade civil na defesa de direitos, oriundas do grupo de países membros do chamado G-20. O Brasil participa deste rol juntamente com outras nações em desenvolvimento, como África do Sul, China, Índia, México, Coreia do Sul, Turquia, além dos países ricos do G-8.
Chamado C-20, isto é, Civil-20, essas Ongs e movimentos sociais encontram-se anualmente no país que lidera o G-20 para discutir caminhos e propostas que são depois entregues aos líderes governamentais. Neste ano o encontro aconteceu em Buenos Aires, já que a Argentina é o atual presidente deste clube de nações. Nos dias 6 e 7 de agosto, no Palácio San Martin, sede do Ministério das Relações Exteriores, mais de 250 representantes de entidades civis além de outros líderes de governos discutiram pautas dos temas emergentes dos países do G-20, buscando somar esforços e definindo estratégias de superação dos desafios temáticos acima mencionados.
Entre plenárias e atividades simultâneas, muitos foram os assuntos em pauta. Um deles, Meio Ambiente, Clima e Energia foi conduzido por Alice Amorim, do Instituto Clima e Sociedade (ICS) que fez mediação e também participação qualificada. Esta mesa de diálogo teve outros três membros, Enrique Konstantinidis, argentino que lidera localmente esta ênfase de clima e energia, Silvia Alonso, do Movimento Católico Global pelo Clima, e Clemir Fernandes, do ISER, representando o Fé no Clima. Em minha sua fala fiz abordagem da trajetória do ISER neste campo ambiental desde a Vigília das Religiões Mundiais na Eco-92, passando pelas pesquisas diversas neste campo, até a Iniciativa Fé no Clima a partir de 2015. Contei um pouco sobre esta ação que tem reunido um conjunto diverso de destacados líderes religiosos do Brasil e de outros países e de como o Fé no Clima abriu espaços de diálogos entre tais lideranças e também deles com cientistas climáticos.
Enfatizei como estas conexões têm resultado em esforços qualificados de maior atuação das comunidades religiosas envolvidas quanto às mudanças climáticas bem como delas para a sociedade mais ampla, inclusive com buscas de maior incidência no espaço público. Também informei acerca dos próximos passos do Fé no Clima, como o encontro de líderes religiosos para este segundo semestre e outros eventos em 2019, visando qualificação, mobilização e atuação a partir das comunidades religiosas.
O documento deste encontro do C-20 visando incidir na reunião oficial do G-20 a ocorrer em novembro próximo, também em Buenos Aires, foi entregue oficialmente ao líder atual do Grupo o presidente Maurício Macri.
O Fé no Clima que teve seu início já com uma dimensão internacional no célebre encontro de 2015 segue sua trajetória em fóruns de cúpula global visando ampliar conexões e convergências, a partir das religiões, para maior defesa da vida humana no planeta em face aos desafios das mudanças climáticas.
Clemir Fernandes, sociólogo e pesquisador do ISER
Fotos: Alice Amorim