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Mulheres falam sobre Segurança Pública. Um artigo de João Trajano Sento-sé

João Trajano Sento-Sé

é cientista político, coordenador do laboratório de Análise da Violência – UERJ e pesquisador associado do ISER.

A Primeira Conferência Nacional de Segurança Pública teve ao menos uma virtude indiscutível: desencadeou uma vasta mobilização, Brasil afora, para a discussão dos parâmetros de uma política nacional do setor.

Dentre as iniciativas desencadeadas, uma delas, o Mulheres: Diálogos sobre Segurança Pública, correu sete grandes cidades brasileiras reunindo mulheres com perfis variados para discutir as mazelas e perspectivas da segurança pública no Brasil. A iniciativa, protagonizada pela Secretaria Especial de Políticas para Mulheres e a empresa de publicidade Rebouças e Associados, distingue-se pela originalidade e pelo arrojo. É, no mínimo, arriscado reunir pessoas comuns para tratar de tema tão polêmico e espinhoso. Como era de se esperar, nesses encontros apareceram idéias e intervenções variadas. Poucas delas, talvez nenhuma, pode ser considerada inédita. Não importa. O que valeu nessa experiência foi a abertura de canais de conversação, espaços de diálogo e de reflexão compartilhada.

Os encontros foram acompanhados por especialistas da área de segurança pública que, a partir do que presenciaram, escreveram análises sobre as intervenções ocorridas em cada uma das cidades. Esse trabalho resultou no livro Segurança Pública. Outros olhares, Novas Possibilidades, distribuído pela SPM na Feira do Conhecimento da CONSEG.

A feitura desse material analítico foi um desafio para os pesquisadores. O método de condução dos encontros foi bastante diverso das formas convencionais de condução de pesquisa, e a participação de cada um deles nas dinâmicas foi bastante limitada. Ainda assim, chamaram atenção as poucas intervenções orientadas para a defesa de políticas duras e a ênfase na abordagem de soluções pacíficas e preventivas para o problema da violência. Da escuta de posicionamentos não especializados, pudemos extrair um pouco do que esse segmento da população brasileira, as mulheres, quer das autoridades da área de segurança pública no Brasil: pacificação, com iniciativas que mirem não apenas a captura e punição de violadores da lei, mas justiça e paz para os cidadãos. Em breve, o material analítico sobre os encontros de mulheres estará disponível no site da Secretaria Especial de Políticas para Mulheres.