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Religião na escola

Clemir Fernandes

é pesquisador do ISER.

Com o tema geral “religião e etnocentrismo”, realizou-se na manhã do dia 10 de novembro palestra dirigida aos professores e coordenadores da Escola Municipal Teotônio Vilela, em bairro do complexo da Maré, Rio de Janeiro, com reflexões diversas objetivando contribuir na compreensão de tal fenômeno e também na construção de maior respeito à diversidade religiosa, ou mesmo aos sem religião, no contexto educacional.

Situada numa área marcada pela presença do tráfico de drogas a escola tem cerca de dois mil alunos e dezenas de professores. Estes participaram ativamente do diálogo e debate que se seguiu à palestra, vários deles evocando seus diferentes pertencimentos religiosos ou a falta completa deles, sempre enfatizando dificuldades e possibilidades de se lidar com tal tema no ambiente educacional. Uma professora narrou o caso de um aluno que foi alvo de discriminação em função de sua iniciação numa religião afro-brasileira, gerando acaloradas discussões sobre o fato e sobre como se deve agir para manter o respeito, tolerância e acolhimento de todos, afinal a escola é um espaço público, laico e para o bem comum

O eixo central do dia girou em torno do reconhecimento das diversas identidades religiosas de alunos e professores, ou mesmo a falta delas, da necessidade de respeito mútuo, da percepção da beleza e riqueza de tais diferenças religiosas, e, sobretudo, da absoluta compreensão de que a escola é um espaço público, que seu ensino deve ser de interesse coletivo e de cidadania e jamais de defender uma religião ou crença em detrimento de outra, inclusive de nenhuma crença.

Várias questões apresentadas pelos presentes foram respondidas e discutidas com sabedoria e profundidade por eles mesmos, sendo que o preletor serviu nesse momento mais como mediador e comentador, facilitando a interação e produção de reflexões e conhecimentos.

Este encontro é promovido pelo Programa Interdisciplinar de Apoio às Escolas (Proinape), da Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro, que ao longo do ano já debateu outros temas como racismo, violência, gênero e sexualidade. No presente encontro que abordou o tema da religião o ISER foi convidado a falar e se fez representar por meio de seu colaborador, o sociólogo Clemir Fernandes.