A Baixada Fluminense apresenta, há algumas décadas, altas taxas de homicídios. Nos últimos anos, também vem se destacando pelo aumento de mortes decorrentes de intervenção policial. Se comparada à capital do estado, possui, em média, o dobro da taxa da cidade carioca. Enquanto na cidade do Rio de Janeiro a taxa de letalidade violenta (homicídios dolosos, mortes decorrentes de intervenção policial, latrocínios e lesões corporais seguidas de morte) está em torno de 40 para cada 100 mil habitantes, na Baixada a razão é de 80 mortes para cada 100 mil.
Basta observar as taxas de cada município fluminense para perceber que essa média oferece um parâmetro muito distinto da realidade estadual. De acordo com o “Atlas da Violência 2018”, municípios como Queimados e Japeri apresentam taxas de 134,9 e 95,5 mortos a cada 100 mil habitantes, respectivamente, o que insere a Baixada Fluminense no rol dos territórios mais violentos do Brasil e expressa o abandono dessa região que há décadas grita por socorro.
Entendemos que a relação entre o racismo e a desigualdade social é uma razão histórica pela qual a população negra, pobre e periférica é a mais vulnerável e, por isso, é a mais afetada pela violência. Se observarmos o mapa da violência do Brasil, perceberemos que os indicadores são maiores no nordeste e norte e menores no sul e sudeste. No mundo, essa concentração está na América Latina e África. Podemos, assim, materializar a relação entre desigualdade socioeconômica gerada por sistemas escravocratas dentro e fora do Brasil.