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A esfinge da UPP e os oráculos da religião

Um dos desafios do atual contexto do Rio de Janeiro, que tem mobilizado pesquisadores diversos em busca de compreensões substantivas, sobretudo na área das ciências sociais, refere‐se a uma prática de policiamento em favelas da cidade mais conhecida como Unidades de Polícia Pacificadora, as chamadas UPPs. Elas conformam a principal estratégia da Secretaria de Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro na tentativa de combater a violência ocasionada pelo domínio armado exercido por traficantes de drogas em áreas de pobreza. No site oficial da UPP uma declaração formal do governador explicita seu objetivo geral: “combater facções criminosas e devolver à população a paz e a segurança.” Mais de dois anos após a instalação da primeira UPP outro decreto apresenta dois objetivos específicos: 1) “consolidar o controle estatal sobre comunidades sob forte influência da criminalidade ostensivamente armada” e, 2) “devolver à população local a paz e a tranquilidade públicas necessárias ao exercício da cidadania plena que garanta o desenvolvimento tanto social quanto econômico.” São várias as oscilações entre estes discursos político e institucional e seus respectivos resultados operacionais, que, além de nem sempre evocarem coerência até desembocam no oposto daquilo que foi previamente objetivado. Para aprofundamento desta discussão, ver Rodrigues, Siqueira e Lissovsky (2012).

No que diz respeito a sua distribuição geográfica, a implantação da unidade pioneira da UPP ocorreu no Morro Santa Marta, região do bairro Botafogo na Zona Sul do Rio, em fins de 2008, seguida pela inauguração de outras unidades, somando 37 UPPs instaladas, a maior parte na cidade do Rio e uma na Baixada Fluminense. Exceto duas na Zona Oeste (Cidade de Deus e Batan), a grande concentração se dá em áreas das Zonas Norte e Sul.

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