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Clínica Política

A partir das andanças por Acari, ao tecer coletivamente uma rede de cuidados, esse livro se quer uma brecha – assim como foi toda a experiência do Centro de Estudos em Reparação Psíquica (CERP). Um projeto piloto de experimentação de uma política pública de reparação psíquica com a intenção de fazer frente a violência de Estado. Quando se costura uma rede, é possível tecer narrativas e resistência, que desindividualiza sofrimentos e fortalece os sujeitos envolvidos direta e indiretamente.

O entendimento da violência de Estado no Rio de Janeiro hoje não pode ser reduzido a pergunta: de qual revólver saiu a bala que matou? Independente se a arma era de um agente de segurança pública ou de um varejista que está na ponta da suposta guerra às drogas, a criminalização das populações de periferia e favelas do Rio de Janeiro, a falta de políticas públicas adequadas de habitação, saúde, educação e cultura para essa população fazem com que os tiroteios sejam cotidianos, com que a ideia de uma “bala perdida” (?!) se torne banal.

Frente a uma política de Estado de extermínio da população negra e de um cotidiano de violências em que os moradores de favelas e periferias estão imersos – e que só se agrava – torna-se fundamental abrir brechas, forjar coletivamente espaços de resistência. Pensar uma Clínica Política para afetados pela violência de Estado aponta para a construção de um encontro onde os corpos possam achar um lugar de elaborar o impacto dessa violência em suas subjetividades; e que também seja de fortalecimento, de espaço de fala e escuta de situações tão similares que atingem essas pessoas, ao politizar o sofrimento e de potência para a criação de mais encontros, espaços e brechas.

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