Este é um número muito especial das Comunicações do ISER. Foge à regra dos artigos variados, que compõem uma “revista”, para tornar-se um pequeno livro. Reúne uma parte dos frutos de uma pesquisa maior sobre um tema ainda quase virgem na literatura brasileira. As questões da negritude têm sido bastante pesquisadas e discutidas no âmbito das religiões afro-brasileiras. Bem menos se sabe sobre as suas implicações no catolicismo, e quase nada na esfera do protestantismo.
A presença negra na liderança de diversas denominações evangélicas é um fato que desperta a atenção, relacionado talvez a sua condição minoritária, e aos valores de igualdade que costumam se manifestar
em suas mensagens. Os “crentes”, ao que parece, abriram possibilidades de manifestação que não se encontravam em outra parte. No entanto, a mesma condição de minoria, e o discurso
igualitário, levam a uma negação radical de que o problema racial exista no interior das igrejas protestantes. As oportunidades abertas são portanto contraditórias, pois que, a um só tempo, deixam que se afirme e pedem que se negue a presença do negro.