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Relatório

Religiões, sentimentos públicos, e as eleições de 2018

Para as eleições de 2018, 44 % da população brasileira se diz pessimista. Ou seja, não acredita que haverá mudanças, mesmo que mudem os políticos no Executivo e Legislativo nacional. Não acreditam em melhorias, não confiam em uma recuperação da economia e do desenvolvimento humano. Os dados são da Pesquisa Retratos da Sociedade Brasileira – Perspectivas para as Eleições 2018, realizada pelo Instituto Brasileiro de Opinião e Estatística (IBOPE) em março deste ano por encomenda da Coordenação Nacional da Indústria (CNI). A desilusão pode ser explicada, em parte, porque 91 % dos deputados alvo da operação Lava Jato vão disputar as eleições. São 55 os deputados federais que gravitam como alvos de inquéritos e ações nesta operação. Deste total, 50 vão disputar as eleições: 42 se candidatando à reeleição, quatro ao Senado, dois a governos estaduais, um para o legislativo estadual e um candidatando-se à Presidência da República (Rodrigo Maia – DEM/RJ, com três inquéritos no STF em seu nome).

Dentre os entrevistados para a pesquisa CNI-IBOPE, 20 % estavam otimistas, isto é, acreditavam em uma renovação no cenário político nacional. Esta renovação é um desejo expresso pela população nacional e vocalizado de diferentes modos e a partir de diferentes mecanismos desde, pelo menos, 2013. Os marcos analíticos são quase sempre aleatórios, uma decisão arbitrária em razão de alguma abordagem específica. Aqui não será diferente. Nos limites deste artigo não podemos recuperar o histórico de insatisfações e manifestações públicas organizadas em prol de mudanças no cenário político nacional e que tomaram o combate à corrupção como bandeira de luta. Sendo assim, as manifestações de 2013 emergem nesta análise como um marco recente nesta história e que põem em destaque inúmeros atores e problemáticas. A partir deste momento, foi notável o crescimento de uma condição de possibilidade para a emergência pública de discursos marcadamente intolerantes e reconhecidamente mais conservadores no espectro moral.

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